sexta-feira, 24 de agosto de 2012

13 Documentos para a Cultura de Natal


13 Documentos para a Cultura de Natal
ou A empreitada de um Artista Potiguar contra os Moinhos de É-Ventos

O conceito de cultura está intimamente ligado às expressões da autenticidade, da integridade e da liberdade. Ela é uma manifestação coletiva que reúne heranças do passado, modos de ser do presente e aspirações, isto é, o delineamento do futuro desejado. Por isso mesmo, tem de ser genuína, isto é, resultar das relações profundas dos homens com o seu meio, sendo por isso o grande cimento que defende as sociedades locais, regionais e nacionais contra as ameaças de deformação ou dissolução de que podem ser vítimas. Deformar uma cultura é uma maneira de abrir a porta para o enraizamento de novas necessidades e a criação de novos gostos e hábitos, subrepticiamente instalados na alma dos povos com o resultado final de corrompê-los, isto é, de fazer com que reneguem a sua autenticidade, deixando de ser eles próprios.

Milton Santos



                   Vibramos a todo momento com os êxitos da Cultura e da Arte Potiguar. Nosso fazer ganha o mundo em acordes, expressões corporais, imagens, textos e vislumbres de um sonho artístico. Vivemos dias de muita superação e não são dias tranquilos. Utilizo-me da primeira pessoa do plural pra falar de artistas, que, como eu, lutam a duras penas para buscar “um lugar à sombra” e sonhar com dias mais tranquilos.
                   A ditadura militar e os governos neoliberais que a sucederam provocaram na Cultura brasileira um grande choque de alienação e de mercantilização de nossa produção cultural. Artistas, grupos populares, pesquisadores, e todos e todas que fazem a Cultura de um povo tiveram suas relações de liberdade intelectual cerceadas, ora pela repressão militar, ora pela falsa promessa de liberdade e pela fábula construída pelo neoliberalismo.’
                   Essas ações afastaram o povo de sua identidade, de sua prática e o aproximou de uma cultura vazia, desenraizada, massificada. E dentro do olhar perverso do neoliberalismo e das gestões de governos de direita no Brasil, a Cultura transformou-se na cereja do bolo para um projeto de alienação e de fortalecimento da cultura do “pão e circo”. Os processos de “idiotização” e de “emburrecimento” de um povo sempre começaram pelos aspectos artísticos e intelectuais: primeiro, pelo afastamento da Arte e do Pensamento das escolas; depois, pela forçosa criação de eventos culturais que em nada nos representam, nem nos valorizam enquanto criadores e profissionais. É necessário retornar aos Círculos de Cultura propostos por Paulo Freire, onde a partir de temas geradores e de situações problemas discutiam-se as relações, os valores e os direitos humanos, na busca de um caráter mais brasileiro e autêntico.
                   Nossa cidade Natal, a mesma que foi pioneira no projeto “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, encontra-se abandonada, não existe rumo algum para a Cultura de nossa capital potiguar, são poucas as referências de boa gestão de Cultura por aqui, e só são boas porque não existem modelos para se comparar a tais administrações.
                   Avançamos muito com o ministério de Gil e Juca no Governo Lula; a Cultura tornou-se protagonista de um processo de “rebrasileiramento” de nosso país, começamos a ver o Brasil de baixo para cima, o Brasil das margens e dos marginais, de uma Cultura renegada pelas elites, de uma Cultura que ficou a serviço dos coronéis, de uma Arte que os divertia e em que nos usavam enquanto bobos da corte. Nos últimos anos, vimos a verba chegar aonde nunca havia chegado, na mesa de cada cidadão, no figurino do Boi de Reis, na luz da casa de um sítio no Brasil profundo. Participamos de Conferências, Conselhos e propusemos leis e algumas foram aprovadas. Mas por aqui, essas ações resumem-se apenas às reverberações de programas do Governo Federal: Pontos de Cultura, editais da Funarte e do MinC e emendas parlamentares.
                   Organizamo-nos em diversas redes setoriais das linguagens artísticas, em fóruns de Cultura, em movimentos e ações culturais, vezes isolados, vezes articulados. A crise não mais nos aplaca, motiva à organização. Mas ainda há muito a se avançar, apesar de a participação popular não ser mais a mesma de outrora. O que acontece é que toda ação política em prol de uma melhoria é questionada e atravancada nos egos inflamados dos militantes heroicos de nossa Pátria.
Não serei o poeta de um mundo caduco./ Também não cantarei o mundo futuro./ Estou preso à vida e olho meus companheiros/ Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças./ Entre eles, considere a enorme realidade.” A partir de Drummond, faço um convite pra irmos de Mãos Dadas nessa empreitada, assim como Augusto Boal fez ao aprovar 13 (treze) Leis feitas a várias mãos a partir de seu Teatro Legislativo, assim como fazemos em nossos processos colaborativos no teatro, nos estúdios de gravação, em Performances Coletivas.
                   Acredito que uma candidatura a Vereador deva ir muito mais além do que o simples pedido de voto por meritocracia, apadrinhamento e/ou em troca de favores. Uma campanha de Vereador deve ser propositiva, bem fundamentada e deve servir, principalmente, para discutir a nossa cidade e colocar em foco os seus problemas e possíveis soluções. Assim, convido a todos e todas artistas, produtores, pesquisadores, apreciadores a elaborarmos uma série de documentos que tratem não apenas de propostas, mas que possam nos dar um diagnóstico prático e teórico de como se encontram as políticas públicas para cada setor em questão. A ideia é que seja um trabalho a várias mãos. Work in Progress, termo utilizado para criações artísticas contemporâneas e que significa “trabalho em andamento” ou “em conclusão”. Dessa forma, reiteramos a ideia de que nossa candidatura é pautada pelos movimentos sociais, pelo caráter da construção coletiva e pelo empoderamento de todos e todas – eu não me apresento como um herói detentor do poder da salvação cultural de Natal. Isso é o que estamos chamando de “Uma Nova Cultura Política” – e que não se apresente enquanto nova apenas pelos meus 25 anos de idade e pela idade dos meus companheiros e companheiras de coordenação de campanha e de militância diária.
                   Aproximem-se, contribuam, acompanhem as discussões, enviem-nos propostas de modificação, dialoguem, sejamos dialógicos, não sejamos conservadores, sejamos utópicos, mas com os pés no chão, em círculos e pontos de Cultura. Acredito que com esses documentos possamos fazer um trabalho junto à Câmara Municipal representativo e qualitativo, e, ainda como membro do Diretório dos Partidos dos Trabalhadores de Natal, cobrar nas instâncias internas que os nossos companheiros e companheiras também eleitos, olhem para a Cultura do nosso município com olhares mais preparados e conhecedores do assunto. Tenho certeza que, ao elegermos uma bancada forte de vereadores Petistas e também o nosso Prefeito Fernando Mineiro, avançaremos degraus importantes para uma Cidade mais bonita, sustentável e com todos os nossos direitos constitucionais garantidos com grau de excelência e qualidade.
                   Abaixo coloco os 13 temas relacionados à Cultura da nossa cidade, sobre os quais realizaremos reuniões para criação de cada documento e deixaremos em consulta pública em nosso sítio de campanha durante o período eleitoral:



  1. Artesanato;
  2. Artes Visuais;
  3. Audiovisual;
  4. Capoeira;
  5. Circo
  6. Cultura Popular;
  7. Dança;
  8. Hip Hop;
  9. Literatura, Livro e Leitura;
  10. Música;
  11. Patrimônio Material;
  12. Performance;
  13. Teatro;


                   São pontos que dialogam diretamente com os movimentos culturais da cidade e acredito que ainda existam outros: sejam adicionados dentro destes temas (como Arte Sequencial); sejam como transversais (como Gestão e Produção Cultural). Entre os acima citados, temos dois temas que são diretamente ligados à Cultura Popular, mas que pela suas abrangências e por sua capilaridade territorial merecem um olhar mais apurado ante as suas especificidades, como é o caso do Hip-Hop e da Capoeira.
                   Vamos juntos Botar o Bico No Trombone por uma Nova Cultura Política e por uma nova Política para a Cultura.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente. 
Mãos Dadas, Carlos Drummond de Andrade


Rodrigo Bico
25 anos, Ator e Militante da Cultura
Formado em Educação Artística pela UFRN
Candidato a Vereador de Natal. 13013
Vota em Mineiro para Prefeito, vota 13!

terça-feira, 27 de março de 2012

Monólogo Farsesco de Um Ator Guerreiro



Abaixo, texto na íntegra:

Começa agora mais um ato da peça de lamentações de um artista desterrado, mais um dia em que minha dor é apenas a palpitação e reverberação da angústia de alguém que grita e ninguém o escuta. Por mais que esse gritar venha acompanhado de um coral e uma orquestra sinfonica, e que entoam juntos o mesmo lamuriar.
Parece que nos encontramos em limbo escuro, denso e frio, guiados por ninguém, em que vez por outra nos aparece um palhaço de cabelos vermelhos arrepiados, com um sorriso cínico no canto de boca dizendo que está tudo bem!
Este monólogo é mais um igual a tantos outros. Já escrevemos cartas e cartas, já esbravejamos em frente a governadorias e Fundações e nada  foi feito.
O que posso eu fazer diante de tanto descrédito, de tanta descrença, de tanta desgraça???
Hoje é o dia em que o Elefante Potiguar não soltará um Grito, não fará um só levante, que não comerá uma única migalha de pão antropofágico oferecido aos pobres artistas que só tem ao vinho dionisíaco para se entorpecerem diante da pasmaceira admnistrativa de uma Secretaria Inexistente.
Cuido eu de levantar minha lança e preparar meu escudo, e proteger-me de qualquer ameaça que venha a destruir meu corpo cansado, mas que ainda é vibrante, que ainda fala, que ainda abre grandes rodas ao luar, em praças e palcos espalhadas nessa terra de Poty. Vejo Palhaços Shakespeareanos alçarem vôos daqui, Alegrias e alegrias se sustentarem no ar, Probres artistas de Teatro à Deriva de um mar revolto e enfrentando tempestados afim de deixarem seu barco estável, Estandartes são postos ao sol potiguar para que o mofo inerte não nos ceguem, Teares inteiros não param de produzir arte em tecidos velhos para que Estações inteiras abasteçam-se de arte, para que o teatro chegue em casa à ribeira de um rio poluído de sujeiras capitais.
Só a Antropofagia nos une, e só um Antropófago aliado de uma série de Conservadores democráticos nos une mais ainda. Que fiquem eles caminhando lado a lado enquanto tentamos nos fortalecer, que façam seus banquetes globalitários sem nem nos convidar, talvez por que saberiam que certamente não aceitaríamos o seu convite. Hoje tentarei chegar ao lado de sonhadores e guerreiros como eu, muitos batalham a mais de três décadas, enfrentaram militares e ainda esperam viver dias tranquilos. Coragem meus amigos. Fico eu aqui a esperar o momento em que nos encontraremos, torcendo pra que não cochile e que meu peito não adormeça sobre a ponta de minha própria lança... Viva o Teatro... Viva o Teatro... Viva...


Rodrigo Bico
em face ao Dia Mundial do Teatro

Dia Mundial do Teatro com os Grupos de Teatro


Neste dia 27 de março (Dia Mundial do teatro) os Grupos de Teatro da cidade do natal e artistas afim, celebram esse dia com Roda de Conversa, Vídeos, Tribuna Livre para Poesias, teatro e Música. O Evento acontecerá na sede dos Grupos Facetas, Mutretas e Outras Histórias e Estandarte, e é promovido pela rede Potiguar de Teatro.
Traga o seu vinho, sua alegria, reflita e critique conosco, façamos dessa celebração um momento de aprendizagem e reflexão frente ao fazer teatral no nosso estado do Rio Grande do Norte.

Abraços do Bico

terça-feira, 13 de março de 2012

Caravana Bico de Poesia - 14 de março

Depois de uma boa temporada de ausência do Palhaço Bicolim, ele está de volta, puxando uma Caravana de recitação de poesia pela cidade do Natal. O palhaço começará suas atividades na Escola Estadual Berilo Wanderley (Conj. Pirangi), berço de seu trabalho, e seguirá para as ruas do Centro da Cidade, visitando a Casa do Cordel e o IFRN - Cidade Alta, ainda passará pelo Encontro de Prosa e Política (Parque das Dunas, Zona Norte) onde acontecerá uma homenagem ao Dia da Mulher em diálogo com o Dia da Poesia e concluirá sua participação no Sarau Lítero-musical no Escritório da Dep. Fed. Fátima Bezerra. Junte-se a nós. E acompanhe toda essa programação!!!