quarta-feira, 14 de maio de 2014

Duos - Fragmentos do Espelho


                                                                     Essas Mulheres



  





                                                                                Geni

     








terça-feira, 2 de abril de 2013

As Facetas de Hamlet por Patrício Jr.

Um Hamlet canastrão, uma Rainha Louca, um Rei estrategista e uma Ofélia viciada em sexo, são os principais personagens propostos pelo Jovem Escriba Patrício Jr. para contarem a história do príncipe da Dinamarca imortalizado na obra de Willians Shakespeare. Uma adaptação irresponsável (no bom sentido da palavra) chegou às mãos do Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias para a sua adaptação para a Cena, com o nome de “Hamlet – Um Exercício” o grupo se debruçou sobre a referida dramaturgia. Acostumados com a Direção Coletiva e com os Processos Colaborativos, os Facetas se depararam com um certo conflito: desfragmentaremos o texto ao nosso modo ou seremos textocêntricos?

Ponderamos bem o pouco tempo que tínhamos para a montagem, refletimos que para adentrarmos em um processo colaborativo de construção dramatúrgica, necessitaríamos de um tempo bem maior e com a possível presença do autor em alguns momentos, hajavista a vida ocupada de Patrício Jr. e o pouco tempo que tínhamos, resolvemos ser textocêntricos! Talvez, a primeiro momento tenhamos estranhado um pouco, mas nos adaptamos muito bem e rapidamente. Chegamos a conclusão que o Facetas não perderia sua essência ao tomar esta atitude, a nossa estética, também irresponsável (no bom sentido da palavra) dialogava diretamente com o texto, e sabíamos que a mesma apareceria com muita força no trabalho.
Foto: Fábio Lima
Passada a decisão do textocentrismo, fomos a definição da linha do trabalho. Já há um tempo estamos buscando a investigação com o trabalho do Palhaço Popular e com vontade levar para as ruas de nosso bairro. Então, para casarmos o nosso desejo com a montagem do Jovens Escribas em Cena, procuramos abordar o texto com essa estética do palhaço desbocado e descomprometido com padrões éticos, e que, no fim das contas, acabaram se relacionando muito bem entre si.
Monique Oliveira coordenou os trabalhos de preparação de corpo e de aproximação com o universo do Palhaço. Definimos o espaço Cênico como um Picadeiro em forma de Arena e construído com tatames vermelhos. Passamos por um processo de imersão no texto, apreendendo-o e na prática de sala tentando dar a nossa dinâmica ao mesmo. Enxertamos nossos “cacos” nos momentos em que o texto dava brecha para tal. Suprimimos algumas ações e citações que achamos desnecessárias, e/ou que não se encaixavam no discurso do nosso Grupo. Tentamos ser bem fiéis as rubricas e as indicações de Cenas propostas pelo autor, e fizemos do processo uma grande brincadeira. E este clima de festa perdurou até os momentos antes da apresentação, onde buscamos relações com as outras encenações já apresentadas (do Grupo Clowns de Shakespeare e da Cia Bololô), como o peito nu de Ofélia que foi interpretada por um homem (Omar Sena) e tinha uma relação direta com a Encenação dos Clowns e o resto do Frango Assado deixado na cozinha do Barracão Clowns pela Bololô e que havia sido utilizado em cena no dia anterior pelo mesmo Grupo, referências que foram para a Cena e que lembram as intervenções que os palhaços fazem ao chegar na cidade e incorporam coisas do lugar à dramaturgia do espetáculo. Além de Omar Sena (Ofélia), estiveram em cena Enio Cavalcante (Rei Cláudio), Giovanna Araújo (Rainha) e este que vos escreve e que atende pelo nome de Rodrigo Bico (Hamlet), fizemos o elenco desta encenação ácida, burlesca e sarcástica. E que levantou em nosso Grupo o grande desejo de reapresentá-la em outras ocasiões. Da Direção Coletiva nós não conseguimos escapar.
Fica aqui o agradecimento pelo convite, que reitera uma parceria já duradoura entre Clowns e Facetas e que nos aproximou dessa nova Cia que surge com muita força e responsabilidade que é a Bololô. E também a grande alegria de encenar um texto deste Jovem Escriba, que nos possibilitou um grande desafio e uma importante reflexão a cerca dessa coisa que chamamos de Processo Colaborativo.


Rodrigo Bico
Ator e Diretor do Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias

quarta-feira, 27 de março de 2013

Dia Mundial do Teatro ou do teatro?



Já parou pra contabilizar quantas vezes você foi ao Teatro? Ou até quantas vezes você assistiu teatro? Certamente alguns que lerão este escrito terão muitos números para contar. Agora faça essas mesmas perguntas em comunidades periféricas e bairros populares. Certamente esse número será baixíssimo. Neste 27 de março, muitas são as ações e as confusões em prol do (T)teatro. No RN inúmeros artistas dessa linguagem se agrupam e discutem seus problemas a mais de 6 anos, com algumas baixas temporais e também com a mudança de nome do movimento. Antes Redemoinho/RN, e agora Rede Potiguar de Teatro.
No Início da gestão da atual e já defasada Governadora, a Rede Potiguar de Teatro entregou um documento nas mãos da Secretária Extraordinária (ou Inexistente) de Cultura do RN uma carta solicitando uma abertura de diálogo com nosso setor. Apresentamos diversos pontos entregamos a Gestora o caminho das pedras e a disponibilidade da Rede em construir juntos esse diálogo.
O que se sucedeu a isso foi um grande silêncio, uma negação de nossa existência, algumas ironias soltas no ar e uma tentativa falida e frustrada de lançamentos de Editais que em nada dialogaram com as nossas necessidades. Resultado: inscrições ínfimas, resultados desgastantes e nada que chegou até a população nem aos artistas de teatro. Sem falar nos valores baixíssimos das premiações.
Com o poder de força da Rede Potiguar de Teatro, marcamos uma reunião com o atual gestor da FUNCARTE (Fundação Capitania das Artes), órgão equivalente a Secretaria de Cultura do Município de Natal, o senhor Dácio Galvão, entregamos uma carta semelhante à apresentada a Isaura Rosado (Cunhada da Governadora). Constatamos que na equipe do Município tem inúmeros integrantes de nossa Rede e o mesmo demonstrou-se aberto ao diálogo e de bate pronto retirou de nossas cabeças aquela imagem autocrática que tínhamos do referido gestor em outrora.
Até que chegamos à comemoração do Dia Mundial do teatro (ou do Teatro?) e percebemos bem a postura diferente dos nossos gestores da Cultura. O Governo Isaura/Rosalba apresenta-nos uma proposta de comemoração totalmente deslocada da realidade dos grupos que fazem teatro no RN, ela incorpora a sua programação a apresentação de um Espetáculo Mossoroense que já viria a Natal e com seu cachê já garantido por outro projeto (fato recorrente a esta atual administração, achar que os artistas devem se apresentar de graça pra divulgar seu trabalho) e comemora (na minha opinião) o Dia do Teatro, o dia do prédio que abriga nossas ações artísticas, celebra o Teatro Alberto Maranhão, pois o teatro que eu faço ela não tem o direito de comemorar e nem de dizer que tá tudo lindo.
Já na agenda da Prefeitura, temos uma agenda propositiva e fruto do diálogo já iniciado com a FUNCARTE. Nada a comemorar ainda. Nada de festa. Não é isso que queremos. Queremos debater, propor, fiscalizar, acompanhar e, principalmente, planejar. Realizamos algumas conversas e bate-papos com convidados (Buda Lira/PB e Marcelo Flecha/MA) e faremos uma lavagem na escadaria do Teatro Sandoval Wanderley, fechado desde o início da administração de Micarla, e prestes a iniciar suas obras de revitalização a espera dos trâmites burocráticos para liberação da verba por parte do Ministério da Cultura. Essa lavagem é um ato político que servirá para alertar a população, imprensa, poder público e os próprios artistas da importância daquele Teatro para a história e o desenvolvimento do teatro Potiguar e também para pressionar do governo Dácio/Carlos Eduardo a celeridade nos processos para o tão aguardado início da obra.
Pra concluir, recebemos com muito entusiasmo o convite do Prefeito de Natal para nos reunir com ele ao meio-dia deste 27 de março de 2013 no Palácio Felipe Camarão, para tratarmos de assuntos de nosso interesse e do provável lançamento de editais para nosso setor. Um fato inédito a ser ponderado a partir de seus desdobramentos.
Fico eu aqui com meus olhos arregalados e consciente de uma coisa: as coisas tendem a melhorar, mas com um sentimento que vamos demorar a chegar ao ideal.
Para uns é Dia do Teatro. E para outros é Dia do teatro.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Sobre o Projeto Grandes Encontros Musicais e Leis de Incentivo

Primeiro gostaria de externar a dificuldade de falar de um projeto onde sou um Profissional contratado. Mas depois dos últimos boatos e comentários sobre o Projeto Grandes Encontros Musicais, faz-se necessário que entre em cena, e coloque alguns pontos de vista que tenho sobre o referido projeto.

·         Acho importantíssimo que artistas potiguares disputem espaços onde não temos circulação. Existe hoje um público que frequenta o Teatro Riachuelo que pouco conhece a arte produzida em nosso Estado;

·         Cada Artista constrói sua trajetória ao longo de sua carreira, se valorizando e criando sua fama, sua vida e sua força de atração popular. Não vejo problema que um artista de fora do estado e também com um renome construído ao longo da história receba um cachê mais alto do que de um artista daqui. Até porque, quando nos apresentamos fora do nosso território de moradia temos uma entrega de tempo muito maior do que quando nos apresentamos na nossa cidade. Sou daqueles que acha que cada um deve receber o quanto merece. E outra, só subo num palco quando concordo com o cachê que me oferecem;

·         Quanto às diligências que o projeto recebeu no processo de seleção, não nos diz respeito, acho que a Comissão deve respeitar qualquer projeto que se inscreva na lei e tudo deve correr internamente e de forma ética respeitar as possíveis arestas do Projeto;

·          Quanto a execução do Projeto, ele fala por si só. A repercussão é muito positiva. O público sai inebriado do Teatro. Lota a casa. Diverte-se. E a partir dali cria uma relação com o artista Potiguar, que muitos outrora não tinham. O Artista Nacional transforma-se na Cereja do Bolo, num convite a mais e tudo isso a preços populares;

·         E pra concluir, é só perguntar a todos que sobem no palco como eles se sentem após o show. Isso eu não posso responder. Mas tenho certeza que não existirão negativas.

Tudo essa discussão não seria necessária se as Leis de Incentivo tivesse uma regularização mais transparente, popular e democrática. Ficamos na expectativa que em breve isso aconteça. As brechas nas políticas culturais e nos modelos de gestão são a desculpa para todos os problemas, temos que transformá-las em solução e já!



segunda-feira, 18 de março de 2013

A tentativa de uma contextualização das Políticas Culturais no Brasil: Pré-Collor (Parte I)


Historicamente, para se fazer algum tipo de atividade artística, sempre existiu alguém que patrocinasse as aspirações e inspirações de diversos artistas, pelo menos daqueles que sobreviviam de sua arte. Existiam outros que produziram de maneira independente e que, ou tinham um trabalho extra e faziam da arte uma espécie de “hobby”, ou morriam pobres e a míngua e se tornaram artistas valiosos após a morte.
Ao longo do século XX, vimos a Economia de Mercado crescer, a população do mundo também crescer, e surgir uma nomenclatura de Cultura diferente, a de “massa”. Que surgiu unicamente para criar produtos artísticos em larga escala e vender também em larga escala, para uma população consumir também em larga escala. A partir disto e de todas as estratégias de marketing, aconteceu um distanciamento da população de sua Cultura Popular, começamos a consumir excessivamente produtos culturais propagados na rádio e na televisão e de tanto ouvirmos e assistirmos acabamos por concluir e dizer que aquela produção de qualidade questionável é também parte da nossa Cultura.
Devemos olhar com muita cautela e percebermos que a Cultura sempre foi muito bem manipulada por sistemas econômicos e Governos nas mais diferentes épocas. Na ditadura, por exemplo, o “iê iê iê” da Jovem Guarda era amplamente divulgado pelo Regime Militar e alienava toda a população, confrontando diretamente todo um movimento artístico que se contrapunha ao Golpe de 64.